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Foto do escritorAlessandra Guerra

IDARIS participa dos Diálogos Amazônicos em Belém do Pará

Atualizado: 31 de out. de 2023

Saiba mais sobre a nossa participação, detalhes sobre o acontecimento e os resultados dos eventos.






A vice-presidente do IDARIS, Alessandra Guerra viajou do Céu do Mapiá para Belém, através de uma articulação da Iniciativa de Mulheres da PanAmazônia, com apoio do Instituto Nova Era e da Articulação de Mulheres Brasileiras para participar dos Diálogos Amazônicos evento organizado pelo Governo Brasileiro e que reuniu mais de 27 mil pessoas.


Sobre os Diálogos Amazônicos:

O histórico evento de três dias, foi coordenado pelo governo federal, por meio da Secretaria Geral da Presidência da República e realizado em parceria com vários ministérios (10 ministros/as participaram ativamente). Ao todo foram realizadas 405 atividades auto organizadas pela sociedade civil, academia, centros de pesquisa e agências governamentais, 5 plenárias-síntese e 3 plenárias transversais. A síntese desses debates foi apresentada na Cúpula da Amazônia e servirá para subsidiar o governo brasileiro na formulação e execução de políticas públicas para a região amazônica.



A programação do evento contou com 8 plenárias sobre os mais variados temas como erradicação do trabalho escravo, saúde, soberania alimentar e nutricional, ciência e tecnologia, transição energética, mudança do clima, proteção aos defensores de direitos humanos, aos territórios, aos povos indígenas e populações tradicionais, e vários outros, com espaço para as transversalidades das juventudes, mulheres e Amazônias negras.


Conheça a síntese de cada plenária, com as reivindicações dos movimentos sociais sobre cada tema discutido:


PLENÁRIA I — a participação e a proteção dos territórios, dos ativistas, da sociedade civil e dos povos das florestas e das águas no desenvolvimento sustentável da Amazônia - Erradicação do trabalho escravo no território:


PLENÁRIA II — saúde, soberania e segurança alimentar e nutricional na região amazônica: ações emergenciais e políticas estruturantes:


PLENÁRIA III — como pensar a Amazônia para o futuro a partir da ciência, tecnologia, inovação e pesquisa acadêmica e transição energética:



PLENÁRIA IV — mudança do clima, agroecologia e as sociobioeconomias da Amazônia: manejo sustentável e os novos modelos de produção para o desenvolvimento regional:



PLENÁRIA V — os povos indígenas das Amazônias: um novo projeto inclusivo para a região:


Ainda não conseguimos os relatórios síntese das plenárias transversais. Assim que conseguirmos, colocaremos aqui:


Plenária Transversal — Mulheres da Panamazônia - Direitos, Corpos e Territórios por Justiça Socioambiental e Climática.

Plenárias Transversal — Juventudes.

Plenárias Transversal — Amazônias Negras: Racismo Ambiental, Povos e Comunidades Tradicionai.



Também é possível assistir todas as plenárias e ainda outras coisas no Canal Gov:




Após as plenárias um comitê composto por diversos movimentos sociais elaborou a Carta “Povos da terra pela Amazônia — Nada sobre nós sem nós!” contendo os resultados das principais reivindicações. Essa carta foi entregue representantes governamentais presentes na Cúpula da Amazônia.



Conheça a carta na Integra: http://idaris.www.idaris.com.br/povosdaterra


Saiba mais sobre a Cúpula da Amazônia:

A Cúpula da Amazônia aconteceu nos dias 8 e 9 de agosto, logo após os Diálogos Amazônicos, e reuniu chefes de Estado e representantes dos países da Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA), organização criada em 1978, que estava há 14 anos sem uma reunião. Formada por Brasil, Bolívia, Colômbia, Equador, Guiana, Peru, Suriname e Venezuela, a OTCA forma o único bloco socioambiental da América Latina. Também estavam presentes representantes da Noruega, República Democrática do Congo, São Vicente e Granadinas, além dos países que financiam ações de desenvolvimento no bioma amazônico.

Os/as líderes dos países discutiram uma política em comum, e ao final assinaram a Carta de Belém, com os compromissos assumidos coletivamente.

Conheça a Carta de Belém: http://idaris.www.idaris.com.br/qRlopp


Sobre a nossa participação e impressões:


Nossa vice-presidente Alessandra Guerra conseguiu estar presente em Belém com uma vaga destinada a mulheres participantes da Articulação de Mulheres Brasileiras - AMB na região norte do país. Confira abaixo o relato da mesma, contando um pouco sobre essa participação:


 

"Participo da AMB desde meados de 2017, quando ainda morava no Ceará e participava do Fórum Cearense de Mulheres. Por alguns anos cheguei a fazer parte da coordenação nacional da AMB, na área de comunicação e tive a oportunidade de participar e organizar diversos encontros de formação política feminista e estar presente em várias incidências políticas nacionais.


Quando me mudei para a Vila Céu do Mapiá, em 2015, devido à dificuldade de acesso geográfico e também de acesso à internet, deixei a minha atuação nacional para me dedicar a conhecer e participar da vida no Céu do Mapiá. No entanto, desde 2020 me reaproximei da AMB no estado do Amazonas, afim de subsidiar minhas ações no GT Mulheres da ICEFLU.


Foi no grupo de WhatsApp da Articulação de Mulheres do Amazonas – AMA, que tomei conhecimento dosi eventos que seriam realizados em Belém do Pará e me candidate para uma das bolsas de passagem e hospedagem que estavam sendo disponibilizadas para as integrantes.


Consegui a vaga, mas a bolsa não cobria outras despesas da viagem como deslocamento fluvial e terrestre até Rio Branco. Então entrei em contato com o Instituo Nova Era, que se dispôs a contribuir com parte desses gastos.


Para minha surpresa, quando foram comprar as passagens, não existiam mais vagas de voos partindo de Rio Branco para chegar a tempo da participação no evento. Então a passagem foi comprada saindo do aeroporto de Porto Velho /RO, aumentando mais algumas horas de ônibus na viagem que durou cerca de três dias até a chegada em Belém.





Chegando em Belém fui para o Hotel Central, onde estavam hospedadas outras mulheres da Articulação de Mulheres Brasileiras. Dividi o quarto com a Josefina, da Coletiva de Justiça Socioambiental - AMB/SP, que tem filho e nora que são fardados do Céu da Nova Estrela.


Eu já estava fazendo parte de dois grupos referentes ao evento: o grupo de organização da Plenária de Mulheres e o grupo de comunicação da mesma Plenária. Como comissão de comunicação escrevi o texto que acompanhou o card de divulgação da Plenária nas redes sociais.


Logo criei um grupo de WhatsApp temporário chamado “Manas do Hotel”, para facilitar a nossa comunicação, combinar táxis, etc. Pois estávamos hospedadas distantes do local do evento, que aconteceu no Hangar do Centro de Convenções, e haviam outras mulheres da AMB em outros hotéis e várias residentes em Belém.


As 8h da manhã do dia seguinte se iniciariam as atividades. Eu já havia me inscrito pela internet, então precisei só passar pelo credenciamento pegar meu crachá e ecobag do evento, contendo a programação e uma pasta com bloco de papel personalizado. O lugar estava lotado, dezenas de povos indígenas diferentes, muitas cores, muitas bandeiras. O Hangar decorado com motivos amazônicos. Bonito de se ver. Logo encontrei a Ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, e corri para tirar uma foto.


Com a Ministra do Meio Ambiente Marina Silva

Na sequência fui procurar as outras mulheres da comunicação, mas não tive sucesso. A comissão de comunicação se desarticulou e eu não conseguia nem localizar as integrantes. Então fui atrás de saber onde se realizaria a plenária de Mulheres, e se conseguiria um sinal de internet para transmitir a plenária via Youtube da AMB. Descobri que a Plenária aconteceria no salão principal, com capacidade para 3mil pessoas. E chegando lá encontrei outras mulheres, algumas que eu já conhecia, e que já estavam decorando o auditório com bandeiras. Também descobri que eu não conseguiria um sinal para a transmissão, mas para a minha surpresa seria transmitido diretamente pelo canal Gov, o YouTube oficial do governo brasileiro!




As 11h da manhã havíamos de nos encontrar todas as mulheres da Iniciativa de Mulheres da PanAmazonia na frente do Hangar, para entrarmos todas juntas entoando palavras de ordem. As 13h se iniciaria nossa plenária. Foi um momento muito bonito, mas havia muito sol e estávamos com fome, a pessoa com os nossos tickets de alimentação havia desaparecido e precisávamos nos organizar para entrar. Então entramos, ou tentamos. Fomos barradas na entrada, pois disseram que a gente não poderia entrar com as bandeiras. Depois de algum auê, eles entenderam que


“Quem não pode com as formigas

Não assanha o formigueiro!!!”


E entramos todas felizes e com fome, direto para o auditório que aconteceria nossa plenária. A Ministra das Mulheres Cida Gonçalves estava presente. Bem como a Eunice Guedes, minha amiga e coordenadora da AMB. Na mesa estavam mulheres de outros países amazônicos que eu havia acabado de conhecer, mas depois ficamos bem próximas. A Manuela do Equador, a Lucía da Colômbia e a Gaela, mulher trans do Peru que perdeu seu voo em SP pois a LATAM não tinha deixado ela embarcar, pois seu documento de identidade corresponde ao seu sexo de nascimento, fazendo com que a organização do evento tivesse que interver com advogados de Direitos humanos (durante a plenária ela recebeu um pedido de desculpas público da Ministra Cida Gonçalves, em nome do Presidente Lula).

A emocionante Plenária de Mulheres pode ser assistida na integra nesse link: https://www.youtube.com/watch?v=X1ektAYhb60&list=PLhWY8l8K2BUMadDynE_2UIO5PtXGheXsh&index=22.


Após a realização dessa plenária, que era o maior objetivo da minha viagem, me encontrei mais livre para escolher quais atividades, entra as dezenas que aconteciam simultaneamente, eu iria participar.




Algumas atividades que participei no decorrer do evento:

  • As atividades do Ministério Publico de Contas na fiscalização do descarte de resíduos sólidos nos estados amazonicos. A apresentação foi feita pela Deíla Barbosa Maia, procuradora de contas do Estado do Pará, mas ela apresentou o trabalho do procurador do estado do Amazonas, Dr. Ruy Marcelo, na aplicação de recursos para garantir o cumprimento da lei 12.305/2010 que define como dever ser feita a gestão de resíduos sólidos. Nessa atividade também conheci o pessoal da IDEASSU, que de desenvolve um sitema de moeda local chamada "verde", e o lastro da moeda é a entrega de resíduos sólidos para reciclagem. Trocamos contatos para possíveis trocas com o IDARIS.


  • Proteção aos Defensores da Amazônia: Direitos Humanos são fundamentais para Justiça Climática. Essa foi uma das atividades mais impactantes que presenciei no evento, pois estavam presentes várias pessoas que sofrem ameaças reais, parentes e defensores de pessoas que foram assassinadas defendendo a amazonia, como a irmã Doroty e Dom e Bruno que foram assassinados no Vale do Javari. Foi feita uma crítica forte ao modelo de desenvimento que é empregado na região amazonica, e que não adianta fortalecer a rede proteção aos defensores, se há também investimento alto em atividades que prejudicam o meio ambiente e os modos de vida da população.



  • Plenária IV – Mudança do clima, agroecologia e as sociobioeconomias da Amazônia: manejo sustentável e os novos modelos de produção para o desenvolvimento regional Nessa Plenária a AMB realizou uma intervenção junto com diversos outros movimentos, questionando algumas políticas de desenvolvimento para a região amazonica, especialmente contra a exploração de petrólio nos rios, em defesa da costa amazonica.



  • XPRIZE Rainforest | Alana: como tecnologias de ponta integradas aos conhecimentos tradicionais podem trazer soluções inovadoras para a conservação da biodiversidade e justiça climática O XPRIZE Rainforest é uma competição global de cinco anos com prêmio dez milhões de dólares que reúne inovadores e especialistas em diversas áreas, desde conservacionistas e cientistas indígenas até engenheiros e robóticos, e os desafia a usar tecnologias inovadoras para acelerar o monitoramento da biodiversidade tropical. A Alana Foundation é uma organização filantrópica familiar que investe em pesquisa e tecnologia com um olhar inovador. A fundação busca parcerias e co-investimentos voltados para as áreas de saúde, educação inclusiva e meio ambiente, visando promover especialmente o direito e o desenvolvimento integral da criança.



Religiões em ação por uma Amazônia sustentável

Atividade da Iniciativa Inter Religiosa pelas Florestas Tropicais. Fiquei na fila para participação nessa atividade, e a fila era enorme e a sala para a atividade não era grande. A atividade começou, e três ministras estiveram presentes: Marina Silva, Sonia Guajajara e a ministra do meio ambiente do Peru. Haviam pessoas sentadas no chão, eu só consegui entrar depois de um bom tempo na fila, uns vinte minutos após o inicio das atividades. Falaram as ministras, indigenas, representantes evangélicos, católicos e uma mãe de santo do camdomblé. Haviam mais pessoas na fila para falar, como um representante da União do Vegetal, que não teve espaço para a fala devido ao tempo. Em nenhum momento se falou sobre Ayahuasca, muito menos sobre o Santo Daime. E como nem os debatedores tiveram espaço de falo, também não consegui fazer nenhuma intervenção.








Após o encerramento dos Diálogos, participei de uma reunião da Iniciativa de Mulheres da PanAmazonia. Que aconteceu na sede de um sindicato. Na ocasião, todas nos apresentamos e conversamos sobre algumas situações que tinham ocorrido durante a realização da plenária e depois. Também era aniversário da nossa anfitriã Eunice e comemoramos com bolo e refrigerante.

Nesse mesmo dia aconteceu a Assembleia dos Povos da Terra pela Amazônia, o evento foi organizado por diversos movimentos populares dos países da pan-Amazônia e nele foi lida a Carta “Povos da terra pela Amazônia — Nada sobre nós sem nós!”. Nós todas estávamos presentes, apoiando nossas companheiras que fizeram a leitura da carta.

Houveram algumas apresentações culturais e religiosas. Na ocasião fiz uma entrada ao vivo no Instagram do IDARIS, com uma apresentação do Povo Huni Kuin: https://www.instagram.com/reel/CvqRXe1NtU8/?utm_source=ig_web_copy_link&igshid=MzRlODBiNWFlZA==



No dia seguinte aconteceu a Marcha dos Povos pela Amazônia e estava lá também junto com as outras mulheres da Iniciativa de Mulheres da PanAmazonia. Segurando bandeira e entoando as palavras de ordem, me relembrando dos meus momentos intensos de manifestação pública. Durante a marcha encontrei uma irmã do Santo Daime, a Vanja Bezerra. E combinamos que na COP25 que também acontecerá em Belém, a gente deve organizar uma ala com a irmandade do Santo Daime pelas florestas.





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